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Capítulo 155 - A Fera e a Variante

  O impacto foi t?o repentino quanto brutal. Um chute certeiro acertou seu est?mago, lan?ando-o para trás como se fosse um boneco. A for?a o fez deslizar no ch?o, arrancando fragmentos de terra e sangue mesmo sob a prote??o das escamas.

  — Lucas?!

  Apesar da dor ser real, Leandro percebeu rapidamente que o chute do homem à sua frente n?o tinha a inten??o de machucá-lo. Antes que pudesse se levantar por completo ou mesmo questionar, sua aten??o foi capturada por uma cena ainda mais surpreendente: o guerreiro bestial segurava no ar um pequeno punho feminino, o qual segurava firmemente um longo punhal prateado.

  — Obrigado. Nem mesmo senti o ataque!

  — N?o me agrade?a ainda — a voz grave de Lucas manteve-se fria, fitando a figura à sua frente.

  Leandro franziu a testa, confuso, mas a explica??o veio rapidamente. A m?o que aparentava estar presa come?ou a escorregar como se fosse feita de fuma?a, e, num piscar de olhos, a figura desapareceu. O ar estava pesado, mas nenhum som, sombra ou movimento denunciava a presen?a da estranha inimiga. Era como se ela nunca tivesse estado ali.

  Foi quando um som baixo e constante o fez virar a cabe?a. Ao seu lado, Lucas estava farejando o ar, seus sentidos bestiais tentando captar algo que os olhos n?o podiam ver. Antes que Leandro pudesse perguntar o que ele tinha descoberto, foi empurrado novamente com for?a, o impacto o jogou para o lado quando estava prestes a ser atingido pela lamina que apenas brilhou brevemente no ar antes de voltar a desaparecer.

  Lucas também se moveu, desviando do ataque que parecia invisível para qualquer outro. Leandro ajustou sua postura defensiva, girando sua lan?a para cobrir todos os angulos possíveis.

  — Invisibilidade! Uma manipuladora! — gritou o general, suas escamas brilhando enquanto a luz da batalha refletia nelas.

  — Se fosse só isso, n?o seria um problema.

  Os olhos de Leandro se estreitaram. Ele sabia que Lucas n?o era de falar em enigmas, e a seriedade em seu tom deixava claro que havia algo mais.

  — Do que você está falando?

  — Com esse nível de habilidade, n?o é uma assassina comum — o bestial rosnou, ainda farejando o ar e observando ao redor. — Deve ser a líder da Guilda dos Sombrios. Uma variante.

  — Variante? — Leandro repetiu, ajustando a postura defensiva. — N?o lembro de terem mencionado sobre isso nos relatórios.

  — Isso porque você n?o leu os relatórios de verdade.

  — Bem… eram meio longos.

  Lucas soltou uma risada curta e seca, mas a divers?o n?o durou. Ele farejou o ar novamente, enquanto explicava, a voz grave e firme.

  — Se chama Rebeca. Tem veias completas tanto de fortalecimento quanto de manipula??o. N?o é uma variante de um caminho divergente, como mentalistas e encantadores, mas tem uma eficiência assustadora.

  Leandro ergueu uma sobrancelha, curioso.

  — Ho, isso parece útil. Quem me dera ter algo assim.

  — é mais do que útil, mas também tem desvantagens — respondeu Lucas. — Só metade da mana que ela absorve vai para as veias de fortalecimento, o que ainda a torna forte, mas mais fraca que fortalecedores de mesmo rank. E, ao mesmo tempo, sua mana de fluxo contínuo também é menor, a limitando na intensidade das manifesta??es. é um equilíbrio difícil de lidar, mas se encaixa muito bem com o estilo de combate que escolheu.

  Antes que pudesse continuar, o ar ao redor deles mudou.

  — Salte!

  Ambos se afastaram no último instante. Uma lamina cortou o espa?o entre eles, silenciosa e precisa como a mordida de uma cobra. Lucas rosnou, irritado, enquanto o escamoso se ajeitava.

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  — Ela está nos testando — Leandro murmurou, os olhos escaneando o vazio.

  — Saia daqui. Eu ainda consigo rastrear o cheiro dela. Você só vai atrapalhar.

  O general abriu a boca para retrucar, mas as palavras n?o saíram. N?o conseguia de forma alguma prever de onde os ataques viriam, ent?o ele n?o estava errado.

  — Farei isso. Vou atrás dos desgra?ados que est?o matando nossos soldados de longe. Por sinal, fique de olho no céu!

  Lucas acenou brevemente, sem desviar a aten??o. Quando o escamoso come?ou a se afastar, o bestial saltou repentinamente em dire??o ao vazio, golpeando com suas garras.

  — N?o vou deixar você em paz t?o facilmente.

  O vazio n?o respondeu, mas Lucas continuou sua persegui??o. Ele atacava cada vestígio de movimento ou cheiro, um jogo de paciência contra uma oponente que parecia estar em todos os lugares ao mesmo tempo.

  — Droga… rápida demais…

  A irrita??o era evidente em sua voz, mas ele n?o parou. Sua respira??o estava pesada, seus músculos tensos, porém confiava que conseguiria aguentar mais do que ela, afinal, a mana n?o era infinita.

  O que n?o contava era que a melodia de Nyx voltasse a soar justo nesse momento.

  O som do alaúde come?ou fraco, quase como um sussurro, mas como sempre, foi crescendo, ecoando pelo campo com uma intensidade sombria. Os soldados de Insídia gritaram em coro, a música era uma promessa de que o equilíbrio da batalha voltaria, ao menos por um tempo.

  Claro, as mortes de Barueri diminuíram desde a primeira apresenta??o da conselheira de entretenimento, haviam aprendido, recuavam instintivamente na primeira nota tocada. Mas isso n?o era um problema para Nyx, os corpos de insídia ainda repousavam pelo solo, aguardando seu doce chamado. N?o existia palco melhor para ela do que uma guerra.

  Desta forma, tudo ia bem na batalha, no entanto, enquanto o exército aliado ganhava terreno, Lucas caiu em um problema completamente diferente.

  — Dro…ga…

  Ele mal conseguia manter os pensamentos alinhados. Estava dando tudo de si para continuar perseguindo Rebeca, mas a influência da música voltou a afetá-lo. Em qualquer outro momento seria uma ben??o, poderia usar o máximo de seu corpo, mas na atual situa??o podia sentir a assassina se distanciar rapidamente, indo em dire??o ao general que a pouco havia se afastado.

  Foi ent?o que, em uma das últimas farejadas desesperadas para evitar perder o rastro da mulher, Lucas percebeu algo estranho. Ela havia parado.

  O alarme disparou em sua mente. Cada fibra do seu corpo ficou em alerta, um arrepio subindo por sua espinha como uma onda gélida. Ele n?o sabia por quê, mas sentiu algo errado, profundamente errado. Ent?o, uma risada suave ecoou pelo vazio, bem próxima ao seu ouvido. N?o era apenas uma risada comum; era encantadora, quase hipnótica, mas carregada de algo perigosamente cruel.

  — Parece que o cachorrinho cansou de brincar. Acho que é minha vez de me divertir.

  Lucas arregalou os olhos quando viu, na dire??o do som, Rebeca se materializando como um fantasma surgindo do nada. Em um movimento rápido e quase imperceptível, ela come?ou a atacar os soldados de Insídia que protegiam o novo cerco.

  Sua lamina prateada cortava carne, rasgava gargantas e perfurava peitos como se os corpos fossem feitos de papel. N?o havia hesita??o em seus movimentos, apenas a brutal eficiência de alguém que havia transformado a morte em seu próprio estilo de arte. Quando notada, simplesmente desaparecia novamente, ressurgindo atrás de outra vítima a poucos metros de distancia. Um por um, os guerreiros tombavam, sem resistência, como se já estivessem condenados.

  O bestial tentou gritar, tentou alertá-los, mas sua voz ficou presa na garganta, seu corpo o traía. Sua frustra??o crescia conforme sua vis?o escurecia, e logo o panico chegou como um soco ao notar que seus aliados simplesmente desapareceram do cenário. Era como se algo o tivesse sufocando, e assim como antes, o induzindo a parar de pensar.

  A melodia ordenava que corresse ao centro da batalha. Tudo que parecia existir eram manchas vermelhas das quais, de alguma forma, entendia que deveria se livrar. Apesar do desespero, sentia certa sensa??o de liberdade. N?o existiam mais problemas, guerra ou sofrimento, tinha só uma tarefa simples, e até divertida. O que precisava fazer era matar.

  Assim, sem outra op??o, ele obedeceu.

  O suave riso soou novamente às suas costas, cheio de escárnio desinibido ao ver o corrompido que imponentemente a ca?ava come?ar a se afastar, selvagem como um reles animal.

  Pessoal, esta semana estou enfrentando crises de enxaqueca intensas, o que tem dificultado bastante minha capacidade de escrever ou revisar capítulos. Hoje, felizmente, consegui enviar este, mas talvez haja atrasos nos próximos dias. Aproveito para comentar sobre um ponto que um leitor beta mencionou: talvez eu n?o tenha deixado t?o claro o conceito de variantes.

  De forma bem resumida, existem dois padr?es principais de humanos puros no universo da história: fortalecedores e manipuladores.

  


      
  • Fortalecedores possuem veias que nasceram de forma a impregnar mana na carne, tornando-os fisicamente superiores.


  •   
  • Manipuladores têm veias onde a mana flui continuamente, permitindo que produzam manifesta??es de mana.


  •   


  Embora ambos apresentem tra?os do outro, essa quantidade é mínima. Por exemplo, manipuladores s?o mais fortes que humanos comuns, mas ainda s?o fisicamente mais fracos que fortalecedores. Da mesma forma, fortalecedores conseguem realizar manifesta??es simples, mas apenas se a mana n?o estiver fluindo intensamente (como acontece com as pessoas do abismo).

  Além desses dois padr?es, existem as variantes, que s?o pessoas com veias que nasceram com deformidades, resultando em habilidades ou limita??es específicas. Alguns exemplos de variantes na história:

  


      
  • Madame, uma leitora que enxerga fluxos de mana, mas n?o manipula ou se fortalece.


  •   
  • Luiz, um mentalista.


  •   
  • Brayner, um encantador, que aprimora outras pessoas recitando palavras (essa habilidade, admito, n?o foi muito explorada, mas talvez alguns lembrem que ele conseguia impulsionar os outros dessa forma).


  •   
  • Rebeca, com veias equilibradas, um caso raro.


  •   


  Como as variantes s?o um tema que será aprofundado mais à frente na história, n?o quero me alongar muito agora. Mas percebo que deixei essas informa??es talvez um pouco sutis demais nas entrelinhas e espero ter esclarecido.

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