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Capítulo 152 - A Balança da Guerra

  — Pelo meio! Impe?am as flechas de chegarem nos bestiais!

  A voz de Leandro cortava o ar como um trov?o, sobrepondo os gritos e choques de armas ao redor. Seu comando ressoava com tanta for?a que até mesmo os inimigos podiam sentir a determina??o por trás dele.

  — Abram espa?o para os lagartos, centralizem o combate!

  Lucas, o líder da divis?o bestial, n?o deixava por menos, gritando ordens quase t?o alto quanto o general de Carapicuíba. Embora às vezes as vozes virassem uma confus?o, eram absorvidas com precis?o pelos soldados dos dois exércitos aliados.

  Sem hesitar, dois esquadr?es de vinte escamosos cada avan?aram rapidamente, posicionando-se à frente dos guerreiros animalescos de Insídia. As flechas da Guilda dos Ventos Livres caíam como chuva, mas ricocheteavam nas resistentes escamas que reluziam sob a luz pálida do sol, e logo, com suas caudas longas e tridentes sendo usados com precis?o letal, retalhavam de volta, formando uma parede viva que se revezava entre ataque e defesa.

  No entanto, n?o eram poucos os momentos de vulnerabilidade. Quando os manipuladores adversários infundiam mana nos projéteis, as brilhantes flechas disparadas ganhavam poder suficiente para perfurar a carapa?a externa, encontrando a carne até do mais resistente guerreiro.

  Nessas situa??es críticas, os atingidos recuavam rapidamente, movendo-se com disciplina para receber primeiros socorros e um breve descanso. Pomadas e remédios feitos pelos mascarados eram aplicados, e, com exce??o de casos mais graves, permitiam que retornassem à luta em quest?o de minutos. Um ciclo constante de resistência, recupera??o..

  Paralelamente, os alvos de suas prote??es lutavam ferozmente contra os Sombrios. Para os bestiais, a ordem de Lucas para que recuassem enquanto defendiam parecia simples, mas relembrá-la continuamente era essencial. Estavam sendo obrigados a se mover em forma??es apertadas, protegendo uns aos outros de ataques furtivos, uma li??o aprendida a duras penas no início da batalha.

  Haviam subestimado os Sombrios, acreditando que suas próprias habilidades seriam suficientes. Foi assim que, em um piscar de olhos, três dezenas de corrompidos cairam, vítimas da estratégia insidiosa dos guerreiros encapuzados.

  Enquanto alguns Sombrios haviam avan?ado de frente, simulando batalhas honradas, um grupo seleto se esgueirou pelas sombras, explorando pontos cegos. Com movimentos silenciosos, desembainharam finas adagas que encontraram os cora??es desprotegidos de seus alvos.

  Felizmente, apesar da dificuldade em enfrentar a agilidade dos inimigos, os bestiais que compunham a linha de frente adaptaram-se rapidamente. O treinamento intensivo com os conselheiros de guerra mostrou seu valor. Seus corpos moviam-se por puro instinto, aplicando as artes marciais que haviam praticado exaustivamente. Bloqueavam golpes com garras afiadas, desviavam de ataques com as poucas pe?as de armadura que utilizavam e, sempre que podiam, contra-atacavam.

  Apesar do mesmo n?o se repetir com todos os outros soldados corrompidos, seus sentidos aprimorados permitiam antecipar movimentos, e logo come?aram a equilibrar o confronto, resultando na forma??o "costa a costa" de agora, reduzindo drasticamente as baixas.

  Os escamosos observaram a forma de luta de seus companheiros com sutil interesse, o qual n?o demorou para se tornar admira??o. Eles sabiam valorizar a habilidade em combate, e mesmo orgulhosos de suas próprias capacidades, n?o hesitavam em reconhecer a destreza dos bestiais. Gritos de incentivo e respeito ecoaram entre ambos, fortalecendo a camaradagem no campo de batalha.

  No entanto, em meio a esse cenário promissor, um problema persistia. A luta estava em um grande impasse. Flechas que n?o atingiam o alvo, ataques que eram bloqueados ou desviados. Havia mortos, claro, porém menos de cem guerreiros haviam caído de cada lado em mais de uma hora de luta.

  N?o era uma situa??o t?o desfavorável quando visto de fora, mas os comandantes de Insídia sabiam que, se Barueri ganhasse confian?a em sua investida, as baixas cresceriam exponencialmente. A maré podia mudar a qualquer instante

  Os exércitos estavam equilibrados em número, ambos com pouco mais de mil e quinhentos guerreiros. Contudo, a cidade mascarada contava apenas com sessenta guerreiros da elite bestial nesta batalha. Os escamosos já eram mais numerosos, somando pouco mais de seiscentos soldados, mas o restante das for?as era composto por habitantes comuns, treinados às pressas em poucos meses. Embora tais habitantes demonstrassem bravura e habilidade, n?o eram páreo para as guildas que treinavam há anos.

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  Cada vez mais conscientes dessa desvantagem, haviam enviado mensageiros urgentes para as outras divis?es. Qualquer soldado disponível deveria ser enviado imediatamente, pois a maior parte das for?as de Barueri estava concentrada ali, e o equilíbrio pendia por um fio.

  Foi nesse cenário de tens?o crescente que uma como??o distante chamou a aten??o de todos. Um som que misturava gritos, explos?es e um estranho ribombar. Sem explica??o, as tropas de Barueri come?aram a recuar de forma desordenada.

  — Persigam-nos! Ganhem terreno! — Leandro gritou com for?a renovada, e os soldados avan?aram como uma onda impetuosa.

  N?o demorou muito para que a persegui??o revelasse o motivo do recuo.

  Na parte de trás do campo de batalha, uma criatura colossal saltava e rolava, espalhando destrui??o por onde passava. Sua aparência era quase irreconhecível: a pele estava coberta por centenas de flechas, um mosaico grotesco de madeira e sangue seco. A cada impacto contra o solo, arqueiros eram esmagados como formigas, e a densa neblina negra que o acompanhava parecia cobrir o campo em um abra?o sombrio.

  — Est?o lutando entre si? — Lucas murmurou, confuso com a vis?o à distancia. O monstro saltante claramente, n?o era parte de Insídia. Mas ent?o, seu faro agu?ado captou algo inconfundível. Aquele cheiro ran?oso, de carne velha e podre, misturado com o ferro do sangue escuro, n?o combinava com as mortes recentes que o cercavam. Ele franziu a testa, farejando o ar com mais aten??o, antes de deixar escapar um rosnado baixo. — Cadáver…

  A palavra mal havia deixado seus lábios quando um sorriso selvagem surgiu em seu rosto. Ele ergueu a voz, rugindo ordens para as tropas próximas.

  — Parem de persegui-los! Aproveitem a confus?o para cercar os oponentes!

  O comando era inesperado, e os soldados hesitaram. Leandro, que havia acabado de cravar sua longa lan?a em mais um dos assassinos encapuzados, girou a arma para livrar-se do corpo antes de se aproximar, a voz grave cheia de incredulidade.

  — Que tipo de ordem é essa?

  — Vamos reorganizar as for?as. Manter uma postura defensiva — Lucas respondeu, sem tirar os olhos do campo.

  — N?o é hora disso. Temos que matar o máximo que conseguirmos enquanto est?o fugindo.

  — Se fizermos isso, eles v?o se espalhar ainda mais.

  — Isso n?o é algo bom? — retrucou Leandro, a voz carregada de dúvida.

  — Normalmente, sim. Mas vai dificultar as coisas para Nyx.

  Leandro piscou, confuso.

  — Nyx? A conselheira de… entretenimento?

  — Isso mesmo. — Lucas apontou para a criatura ao longe. — N?o tá ouvindo ela tocar?

  Leandro se esfor?ou por um momento, tentando entender o que o líder da divis?o bestial estava insinuando. Ent?o, ele ouviu. Uma melodia que parecia pairar sobre a névoa negra, carregada de uma energia quase sobrenatural. Era desconcertante, uma música que oscilava entre um lamento profundo e um chamado irresistível.

  — E que merda ela veio fazer aqui?

  Lucas respondeu apenas com um grunhido, indicando novamente com o queixo a figura saltitante da criatura envolta na névoa negra. Leandro seguiu o olhar e, mesmo contra sua vontade, seus olhos arregalaram-se com o que viu. A neblina, que antes parecia um véu de escurid?o, agora estava desaparecendo lentamente, dissolvendo-se no ar. Mas o que emergia dela era ainda mais perturbador.

  Os gritos já agonizantes se transformaram em panico puro quando m?os dos soldados caídos come?aram a agarrar as pernas de seus antigos companheiros. Era uma cena que parecia saída de um pesadelo. Rostos pálidos e vazios, cheios de um ódio silencioso, come?aram a levantar-se entre os vivos.

  O campo foi tomado por um terror absoluto. Soldados trope?avam, tentando fugir das garras dos mortos, enquanto outros se debatiam em v?o enquanto eram arrastados para o ch?o.

  — Como isso é possível…? — Leandro murmurou, o horror transparecendo em sua voz enquanto observava o que parecia impossível. Ele já havia ouvido rumores de mortos que voltavam a andar, mas sempre como casos isolados, raridades encontradas em lugares esquecidos do mundo. — Essa mulher… ela faz parte da Igreja?

  Lucas riu, mas a risada n?o tinha humor. Era baixa e gutural, quase inaudível.

  — N?o… Nyx… Sombra… Conselheira… Insídia… Só… — suas palavras saíram de forma desconexa, e foi ent?o que Leandro percebeu algo errado. Os olhos do homem estavam ficando negros, como se algo estivesse consumindo o brilho natural de suas íris. Sua respira??o estava pesada, animalesca.

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